quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Bendito seja o dia...




Benedetto sia'l giorno e'l mese e l'anno
e la stagione e'l tempo e l'ora e'l punto
e'l bel paese e'l loco ov'io fui giunto
da'duo begli occhi che legato m'ànno;

E benedetto il primo dolce affanno
ch'ì ebbi ad esser con Amor congiunto,
e l'arco e le saette ond'ì fui punto,
e le piaghe che'nfin al cor mi vanno.

Benedette le voci tante ch'io
chiamando il nome de mia donna ò sparte,
e i sospiri e le lagrime e'l desio;

e benedette sian tutte le carte
ov'io fama l'acquisto, e'l pensier mio,
ch'è sol di lei; si ch'altra non v'à parte.


Francesco Petrarca (scheda)

Bendito seja o dia, o mês, o ano
A sazão, o lugar, a hora, o momento
E o país de meu doce encantamento
Aos seus olhos de lume soberano

E bendito o primeiro doce afano
Que tive ao ter de amor conhecimento
E o arco e a seta a que devo o ferimento
Aberta a chaga em fraco peito humano

Bendito seja o mísero lamento
Que pela terra em vão hei dispersado
E o desejo e o suspiro e o sofrimento

Bendito seja o canto sublimado
Que a celebra e também meu pensamento
Que na terra não tem outro cuidado

(tradução de Jamir Almansur Haddad)


Francesco Petrarca constitui, ao lado de Dante e Boccaccio, a tríade da literatura ocidental moderna. Humanista, teve em Laura a inspiração (e expressão) de um amor real, muita mais que a Beatriz de Dante (embora real, idealizada no campo poético), aparecendo em sua expressão poética as consequências desse estado de alma. A triade italiana influenciou os artistas renascentistas e, a partir de então, toda a cultura ocidental.

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