sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sonetos...

Quantas vezes, amor, te amei sem ver-te e talvez sem lembrança,
sem reconhecer teu olhar, sem fitar-te, centaura,
em regiões contrárias, num meio-dia queimante:
era só o aroma dos cereais que amo.

Talvez te vi, te supus ao passar levantando uma taça
em Angola, à luz da lua de junho,
ou eras tu a cintura daquela guitarra
que toquei nas trevas e ressoou como o mar desmedido.

Te amei sem que eu o soubesse, e busquei tua memória.
Nas casas vazias entrei com lanterna a roubar teu retrato.
Mas eu já não sabia como eras. De repente

enquanto ias comigo te toquei e se deteve minha vida:
diante de meus olhos estavas, regendo-me, e reinas.
Como fogueira nos bosques o fogo é teu reino.
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

(Pablo Neruda - sonetos XXII e XVII)




sábado, 25 de fevereiro de 2012

Under Pressure

Pressure pushing down on me, pressing down on you no man ask for
Under pressure - that burns a building down
Splits a family in two, puts people on streets

That's Ok
It's the terror of knowing what the world is about
Watching some good friends screaming 'Let me out'
Pray tomorrow gets me higher
Pressure on people, people on streets

O.k.
Chippin' around, kick my brains around the floor
These are the days it never rains but it pours

It's the terror of knowing what this world is about
Watching some good friends screaming 'Let me out'
Pray tomorrow - gets me higher
Pressure on people - people on streets
Turned away from it all like a blind man
Sat on a fence but it don't work
Keep coming up with love but it's so slashed and torn
Why?

Insanity laughs under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance
Why can't we give love that one more chance?
Why can't we give love...?

'Cause love's such an old fashioned word and love dares you to care for
The people on the edge of the night and loves dares you to change our way of caring about ourselves
This is our last dance
This is ourselves
Under pressure
Pressure...

Sleepless or Awake?



Chega um momento na madrugada que nossos pensamentos soam mais altos que o murmúrio do mundo lá fora. Os burburinhos, murmúrios, lamentações; a cacofonia viva que nos persegue, abafa, sufoca. Os pensamentos clareiam, convergem, encorpam e dão vida à idéias mirabolantes, impraticáveis, perfeitas e inalcançáveis.
Quantas pessoas atropelamos para obter nosso pedacinho de satisfação neste mundo? Quantos sonhos alquebrados? Pisoteados? Postergados? O sono passa, a mente desperta e então, no silêncio da noite escutamos mais do que queremos, mais do que ousamos. O coração se faz pulsar no ouvido enquanto um gosto metálico invade a boca e então surge um vislumbre de uma sanidade maior, de um entendimento mais amplo para esse picadeiro em que vivemos, onde todos desempenham seu papel com vivacidade e chegam a acreditar que é vida a que vivem, que é dor a dor que deveras sentem.
A perfeição do conceito. Temos paradigmas criados, parâmetros traçados, modelos exatos a serem perseguidos, imitados, absorvidos, vividos. Porém não nos é permitido tê-los. Almejamos coisas intangíveis, altas demais para serem alcançadas e a perfeição reside em coisas simples.. a matemática de uma flor, a arquitetura de uma abóboda celestial, a química de um rio.
Mas à noite, a escuridão clareia a mente.. vejo mais que os olhos, sinto mais que o coração. Vejo um conceito traçado. Mais elevado, porém nosso. Ingênuo? Um pouco. Louco? Bastante. É loucura procurar ser algo maior? É loucura perseguir algo que não se pode ter! Somos tão grandes quanto nos permitimos ser. Não pelo nosso próprio poder. Não pela força do querer. Mas por uma força maior do que nós que nos escolheu de antemão para fôssemos assim.
Tudo o que somos foi o que nos permitimos. Tudo que somos, é o resultado do que escolhemos a cada momento. Podemos escolher ter fé. Podemos escolher a sorte. Podemos escolher o destino Podemos escolher definhar nos erros do passado e terminar a vida reclamando do que poderia ter sido ou o que teria feito diferente. Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Mas colocamos nossa fé em alvos errados. Alguns acham que não a têm. Outros nem sabem que ela existe. Porém, não decidir já é decisão tomada.
Escrevo aqui apenas para fluir a escrita. Não pretendo convencer. Não pretendo pavonear. Apenas deposito aqui o que a mente produz.. para alguns bom, para outros sem sentido.
Não há como ver sentido sem ter sentido.. sentido o que senti. Cada toque, cada sussurro, cada abraço e beijo. Cada ato de fé, esperança. Toda frustração, raiva, alegria. Sentimentos nobres e abjetos. Tudo me trouxe até aqui. E daqui eu sigo. Não é como se nada tivesse acontecido. Os olhos não podem perscrutar a alma. Mas a dor que sinto é minha apenas. Eu a consegui por meus meios, por caminhos por mim escolhidos e traçados. Da mesma forma, consigo alegria onde ninguém vê senão miséria.
Uma noite quente.. brisa fresca soprando corpo. O peito nú sente o ar o circular enquanto caminho. Os pés avançam sem curso estipulado e a mente trabalha febrilmente. Mas não há cansaço. Não há esforço. O livre pensar não conhece horas-extras, prazos estipulados. Tudo isso, assim simples: uma noite acordado. Uma entre tantas. Não há insônia, não há falta de sono nem necessidade de dormir. Apenas uma leve sensação de ter que estar fazendo outra coisa qualquer. Deitado junto de alguém que me completa a vida. Mas não essa noite. Esta noite traz um despertar distinto de outros. Nunca se repetem na verdade, pois sempre nos encontramos em momentos diferentes e sempre nos levam mais ao longe. Para onde você vai? Quo vadis? O que realmente você quer? Até onde quer ir? Até que ponto? Que profundidade? Que distância? É neste ponto que escolhemos uma alternativa.. um caminho. Eu escolhi O caminho.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Amor Cativo


O amor evoca tantas palavras belas
Saudade, paixão,
carinho, entrega, devoção...
Porém se tornam vãs, vazias
Quando na ausência
Quando o bem amado é inalcançável
Quando existem limitações
Quando difere o querer do poder...

O que me vem à mente é claro
Porém o pensamento é livre
A ação é escrava da razão
E esta última se esquece da emoção.

Ah, palavras.. liberadas pelo coração..
Entaladas na garganta..
Empurradas para o esquecimento..
Pronunciadas em secreto,
No segredo da solidão,
Sem atingirem o alvo:
O ouvido da mulher amada!

Ah, palavras.. falam tanto sem dizer nada.
Dizem tanto sem mudar nada.
São as mesmas, em peitos diferentes
São guardadas sem serem ouvidas
Machucam antes de curarem.

Doem em quem as seguram
Amargam a quem não as ouvem
Azedam antes de adoçarem
Açucaram sem serem provadas.

Não há o que dizer, quando falar é pior
Quando palavras doces machucam,
Quando gostar aprisiona,
O esquecer liberta.

Sigo assim, escravo cativo.
De palavras belas que me ardem no peito.
De doçuras cruéis que não causam alegria.
De pensar algo impronunciável
De amar o que não pode ser amado
Não pela natureza do ser
Mas pela insensatez do sentimento.

Sigo assim, cativo escravo.
De sentimentos belos que doem no peito.
De palavras não pronunciadas.
De sorrisos não oferecidos.
De abraços não envolvidos.
De você em minha vida.

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