quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Devaneio sobre o amor

Ah, o amor! Que seja finito posto que é chama, mas que seja eterno enquanto dure! Muito bela a interpretação do poeta (Soneto de Fidelidade - Vinícios de Moraes) porém já é algo meio desistente... uma chama é finita desde que não seja alimentada! Se você acende uma fogueira e a mantém razoavelmente protegida do vento, da umidade e continua colocando combustível nela, quanto tempo poderá durar?

Suponha que uma pessoa dedique sua vida a cuidar apenas e tão somente da referida fogueira - essa pessoa se dedica a ela, escolhe os melhores gravetos, a madeira mais seca e que produz melhor aroma e calor, continuamente revolve as cinzas para oxigenar a base, às vezes assopra fornecendo o tão precioso ar, às vezes cerca para evitar uma rajada de vento mais forte.. Assim, no abrigo da chuva e com todos os cuidados, a chama se manteria por quanto tempo? Eu lhes digo: para sempre! Esta pessoa morreria e ainda deixaria a chama acesa! Isso é o amor! Realmente é chama e demanda cuidados. O fogo por si só não queimará eternamente.. às vezes tudo o que resta é uma brasa.. talvez uma pequena fagulha. Mas ainda assim pode ser reacendido se tomarmos as ações necessárias.

Assim é tudo nesta vida! Estamos em constante mudança - até mesmo nosso universo se expande continuamente. Desta forma, não existe exatamente o presente do indicativo "eu te amo". Existe o gerúndio "estou te amando". Isso pode continuar indefinidamente, mas também pode acabar amanhã. Nesta hora os pseudo-defensores do amor me dirão: "Ah, seu ogro! O verdadeiro amor nunca morre!" A isto eu respondo: O verdadeiro amor, perfeito, imutável e eterno, só Deus o tem! Existem 3 formas de amor - Fraterno (entre irmãos), Eros (entre amantes) e Agape (de Deus por nós). Este último é "O Amor"! É o que está descrito na primeira carta de Paulo aos Coríntios:

"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

O nosso amor, pelos irmãos, amigos ou ainda o amor entre um casal é imperfeito. Pode ter picos mas também pode ter vales. E demanda manutenção, como qualquer outro sentimento. Se você for trabalhar em um matadouro de animais, no começo sentirá revolta e repulsa. Depois de um tempo não vai nem se importar com a carnificina ao seu redor. Da mesma forma que calejamos os dedos tocando um violão por exemplo, ou jogando video-game, ou mesmo varrendo a casa, também empedernimos nosso coração se não o utilizarmos para esta finalidade.

Onde quero chegar com tudo isso? Eu lhe digo: ame! Viva continuamente este sentimento e exercite-o como fazemos com nosso corpo. Se você não pronuncia em alto e bom som "eu te amo", isto se torna vago e etéreo e pode sim sumir, morrer e deixar de existir. Por isso que namoros à distância são tão complicados - não exercitamos nosso amor diariamente e ele vai secando, como uma for sem um regador. Hoje os amantes ainda têm a tecnologia a seu favor - celulares, internet, webcam, smartphones, etc... Se não exercitamos nosso cérebro, desenvolvemos diversas doenças cerebrais (além de ficarmos ignorantes). Se não usamos o corpo, também adquirimos diversas doenças devido ao sedentarismo. Se não usamos o amor, atrofiamos nosso coração!

Se você não se mantém "amando", um dia irá perceber que tudo que tem hoje é um pretérito, perfeito ou imperfeito, tanto faz... "eu amei", "eu amava" e hoje não amo mais...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O gondoleiro do amor







Teus olhos são negros, negros,
Como as noites sem luar...
São ardentes, são profundos,
Como o negrume do mar;

Sobre o barco dos amores,
Da vida boiando à flor,
Douram teus olhos a fronte
Do Gondoleiro do amor.

Tua voz é a cavatina
Dos palácios de Sorrento,
Quando a praia beija a vaga,
Quando a vaga beija o vento;

E como em noites de Itália,
Ama um canto o pecador,
Bebe a harmonia em teus cantos
O Gondoleiro do amor.

Teu sorriso é uma aurora,
Que o horizonte enrubesceu,
- Rosa aberta com biquinho
Das aves rubras do céu.

Nas tempestades da vida
Das rajadas no furor,
Foi-se a noite, tem auroras
O Gondoleiro do amor.

Teu seio é vaga dourada
Ao tíbio clarão da lua,
Que, ao murmúrio das volúpias,
Arqueja, palpita nua;

Como é doce, em pensamento,
Do teu colo no langor
Vogar, naufragar, perder-se
O Gondoleiro do amor!? ...

Teu amor na treva é - um astro,
No silêncio uma canção,
É brisa - nas calmarias,
É abrigo - no tufão;

Por isso eu te amo, querida,
Quer no prazer, quer na dor,...
Rosa! Canto! Sombra! Estrela!
Do Gondoleiro do amor.

(Castro Alves)

Quem é o seu herói?

A emboscada dos judeus - um herói inesperado Quando amanheceu, os judeus se reuniram e ...